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todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem no fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


Quando ela menos esperava o choro veio...

Era desses choros que você cobre a boca com o travesseiro pra que a pessoa do outro quarto não escute.
Ela força seus olhos já vermelhos no escuro para reconhecer o que está ao seu redor, ela olha em vão para o espelho.
Sua garganta começa a fechar... é como se ela respirasse por um canudinho dobrado e furado.
Ela para para respirar, tentando manter os olhos abertos, querendo sentir cada dor, é, agora ela sente dor. E ela não quer se esquecer dessa dor. O torpor se foi, a calma sobrenatural e necessária daquele momento se foi.
Ela tenta repetir tudo o que aconteceu em sua cabeça. Inútil. Inútil. Ela nao consegue.
Ela tenta juntar as peças do quebra cabeça, mas faltam peças, e as que tem parecem ser de outro jogo / e as que tem não se encaixam.
Ela já não se lembra de como tudo começou.
Suas mãos já não tremem, mas ela sente frio e uma necessidade de sentir o vento, uma brisa que seja.
Ela sente a última agulha sendo retirada de sua garganta.
Ela não sabe se esse sentimento é de luto... mas ela sabe que luto é quando alguém que conhecemos se vai pra não mais voltar...

Ela sussurra: "Encontrou alguma solução, Sherlock?" - mas ninguém responde.

Ela só escuta seu coração, mas que dessa vez insiste em bater ao contrário.

Ela grita pela raiva, ódio e rancor... mas eles não mais estão, quem responde é o Inconformismo tímido, é a Pena com olhos sincerose um amor meio confuso, meio baquiado, atônito.

Ela sorri confusa quando pensa que queria distância disso.

Então o amor a cutuca e diz sereno em seu ouvido da alma: "Eu nunca menti."

O choro vem à tona.

A voz do amor é tão doce.

e Ele completa "Seja sincera, o que Eu faria?"

E ela balbucia pro vento que a esperava pacientemente em sua janela: "Diga a ele que o amo, e que o perdoo."

O vento sai desesperado para entregar o recado, parece até que nao sabe o endereço.

Ela acende uma meia luz. Se olha no espelho. E já não era ela.

Apaga e volta a deitar, recita em sua mente o que aprendeu em uma noite de chuva forte, chuva dessas que são acompanhadas por muitos relampagos e trovões barulhentos:
-'Em paz me deito e logo pego no sono,
porque, o Senhor, só Tu me fazes repousar segura'




é, sempre chove.